A coragem de escolher com quem você quer estar

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Nem toda presença merece ser mantida só porque é familiar

Em algum momento da vida, todo mundo percebe que não dá para manter todos os vínculos que já teve. As pessoas mudam, os contextos mudam, e a gente muda também. Mas mesmo quando sabemos que algo não faz mais sentido, pode ser difícil aceitar. Existe uma ideia muito enraizada de que, uma vez estabelecida, uma relação deve ser mantida a qualquer custo. Só que a verdade é que nem toda presença merece ser mantida apenas porque está ali há muito tempo. Escolher com quem estar é um ato de coragem. É dizer sim para o que nutre e não para o que paralisa.

Essa escolha, no entanto, não é simples. Envolve emoção, memória, história. Envolve a culpa de talvez parecer ingrato, o medo de magoar alguém ou até a dúvida sobre estar sendo radical demais. Mas a coragem de escolher com quem estar parte de uma premissa simples e, ao mesmo tempo, potente: você tem o direito de se cercar de quem te faz bem. Isso não é egoísmo. É maturidade emocional.

Com o tempo, entendemos que insistir em certas relações pode ser mais prejudicial do que se afastar. Que nem todo laço precisa durar para sempre. E que vínculos verdadeiros não se abalam quando a gente coloca limites eles se fortalecem. A coragem está justamente em reconhecer o que já não encaixa mais e ter a clareza de deixar ir, mesmo quando ainda há afeto.

A importância de fazer escolhas conscientes

Não dá para terceirizar a responsabilidade pelos nossos vínculos. Mesmo quando o outro tem atitudes problemáticas, é a nossa permanência que mantém o ciclo. E sair desse lugar exige uma decisão ativa. Exige olhar para a relação com honestidade e se perguntar: eu estou aqui por escolha ou por inércia? Eu me sinto bem nesse vínculo ou apenas me acostumei com o desconforto?

Fazer escolhas conscientes nas relações não significa que nunca mais vamos nos frustrar ou nos decepcionar. Significa apenas que vamos deixar de entrar (ou permanecer) em lugares que já mostraram não ter espaço para quem realmente somos. Significa que, em vez de colecionar relações por medo da solidão, vamos começar a valorizar as poucas que realmente fazem sentido.

Essa consciência transforma tudo. Porque ao escolher com quem estar, também estamos escolhendo quem queremos ser. Estamos moldando o ambiente em que nossa subjetividade se desenvolve. Estamos cuidando da nossa energia, do nosso tempo e da nossa saúde emocional.

O custo de manter vínculos que já se esvaziaram

É fácil se apegar à ideia de que certas pessoas precisam permanecer na nossa vida porque já estiveram presentes em momentos importantes. Mas o passado não deve ser o único critério para decidir o que permanece no presente. Quando uma relação exige mais esforço do que entrega, quando se torna fonte constante de angústia ou tensão, talvez seja hora de repensar.

Manter vínculos que já se esvaziaram tem um custo alto. Um custo emocional, físico e até espiritual. O cansaço vai se acumulando, a leveza desaparece e a gente começa a se sentir preso. Relações que já perderam o sentido viram obrigações silenciosas. E viver de obrigações cansa, desgasta, empobrece.

Por isso, é preciso coragem para fazer escolhas que nos levem a um lugar mais verdadeiro. Mesmo que isso implique perdas, afastamentos ou rupturas. Porque quando abrimos espaço, coisas novas podem surgir. Novas pessoas, novas conexões, novas possibilidades de afeto mais genuíno.

Estar por inteiro é melhor do que estar por educação

Existe uma diferença imensa entre estar presente e simplesmente ocupar um lugar. Relações que fazem bem são aquelas em que estamos por inteiro. Em que a nossa presença tem sentido, peso, vontade. Já as que mantemos por obrigação ou costume são relações pela metade. E ninguém cresce em lugar onde precisa se dividir para caber.

A coragem de escolher com quem estar também envolve reconhecer quem escolhe a gente de volta. Relações saudáveis são recíprocas. Existe troca, escuta, respeito. E se isso não acontece, talvez o vínculo precise ser revisto. Não é sobre excluir ninguém. É sobre entender que nem todo mundo vai seguir com você e que tudo bem.

Afinal, a vida muda, os ciclos se encerram, e a nossa jornada exige revisão constante. Escolher com quem caminhar não é um gesto de rejeição, mas de respeito. Respeito por quem somos agora e por tudo que ainda queremos construir.

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