A coragem de viver relações reais e imperfeitas

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Relações profundas não pedem perfeição, mas presença. É preciso coragem para se permitir sentir, se mostrar e ficar quando seria mais fácil fugir.

Viver relações reais é um ato de coragem. Não coragem de grandes gestos, de promessas eternas ou declarações cinematográficas. Mas a coragem mais difícil e mais bonita de todas: a de permanecer presente. De não fugir quando fica difícil, de não se esconder quando se sente inseguro, de não levantar barreiras automáticas sempre que algo toca um ponto sensível. Relações verdadeiras são feitas de presença emocional. E estar presente, mesmo com medo, cansaço ou dúvida, é uma escolha que se faz todos os dias.

Muitos de nós fomos ensinados a acreditar que o amor precisa ser leve o tempo todo. Que quando algo pesa, é sinal de que não está funcionando. Mas quem vive relações reais sabe que nem sempre é assim. A profundidade exige trabalho, paciência, escuta, abertura. Não é sobre perfeição, é sobre construção. E construir algo com alguém envolve aceitar a bagunça, os desencontros, as diferenças de ritmo. Envolve olhar para si e para o outro com mais honestidade do que expectativa.

A decisão diária de se mostrar e permanecer

Vínculos verdadeiros não se mantêm apenas pela afinidade ou pelo afeto. Eles se sustentam na decisão mútua de continuar, mesmo quando seria mais fácil fugir. E essa decisão começa pelo compromisso que cada um faz consigo mesmo: eu escolho estar aqui de verdade. Não só quando é confortável, mas também quando algo me incomoda. Não só quando o outro está do jeito que eu gostaria, mas também quando ele me mostra partes que eu ainda não compreendo.

Essa escolha não acontece uma vez só. Ela se repete nos pequenos momentos. Quando decidimos conversar em vez de evitar. Quando escolhemos escutar em vez de interromper. Quando pedimos desculpas em vez de fingir que não erramos. Cada gesto de verdade aproxima. Cada palavra dita com intenção cura. Cada olhar honesto reforça a segurança de estar em uma relação onde não é preciso fingir.

A coragem de viver relações reais também envolve aceitar que não vamos agradar o tempo todo. Que nem tudo será leve, rápido ou divertido. E que isso não significa fracasso. Pelo contrário. É justamente nesses momentos em que a relação é testada que ela pode se fortalecer. Desde que haja disposição para atravessar o desconforto juntos, sem buscar culpados, mas buscando compreensão.

Relações que transformam são aquelas que nos deixam ser

No fim das contas, o que buscamos não são relações perfeitas, mas vínculos em que possamos existir com verdade. Onde nossos limites sejam respeitados, mas também desafiados com cuidado. Onde possamos ser acolhidos, mas também convidados a crescer. Relações que não exigem que a gente seja sempre forte, mas que nos permitem ser frágeis, contraditórios e ainda assim merecedores de amor.

Esse tipo de relação só é possível quando abrimos mão da defesa constante. Quando trocamos o controle pela presença. Quando, ao invés de esconder o que sentimos, decidimos compartilhar. Pode ser que nem sempre o outro saiba como responder. Mas quando existe disposição para caminhar juntos, cada tentativa se torna parte da construção.

Relações reais pedem coragem. A coragem de se mostrar sem saber a resposta do outro. A coragem de ficar mesmo quando o fácil seria ir embora. A coragem de amar sabendo que amar é também se expor. Mas para quem escolhe esse caminho, a recompensa é imensa. Porque viver de verdade com alguém é uma das experiências mais transformadoras que podemos ter.

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