Afinidade não é exclusão: é reconhecimento verdadeiro

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Como aprender a valorizar relações que fazem sentido de verdade

Durante muito tempo, a ideia de que estar com pessoas parecidas era uma forma de exclusão se espalhou como se fosse verdade absoluta. Crescemos ouvindo que deveríamos estar abertos a todos, aceitar tudo, conviver com qualquer um. E, claro, em parte isso é importante respeitar as diferenças é fundamental. Mas existe uma diferença entre respeitar e pertencer. Afinidade não é rejeição. É só o reconhecimento de que existem conexões que acontecem de forma mais orgânica, leve e verdadeira. E isso não precisa ser motivo de culpa, muito menos de julgamento.

Muitas vezes, nos sentimos mal por preferir estar com certos tipos de pessoas. Pensamos que estamos sendo seletivos demais, que deveríamos “dar chance” para vínculos que, no fundo, já mostram sinais de desalinho desde o começo. Mas a verdade é que afinidade emocional, intelectual ou afetiva não é algo que pode ser forçado. Quando acontece, acontece. É como entrar em uma sala e, de repente, se sentir à vontade sem saber explicar o motivo. Há uma linguagem invisível ali. E quando não há, forçar a presença só gera desconforto e frustração.

A leveza de estar onde a gente se sente visto

Existe uma enorme diferença entre tentar ser aceito e simplesmente se sentir incluído. Na primeira situação, estamos o tempo todo nos observando, policiando, tentando adivinhar o que os outros esperam da gente. Já na segunda, existe espaço para sermos quem somos, com nossas falhas, silêncios e espontaneidade. E essa diferença tem um impacto direto na nossa saúde emocional. Afinal, ninguém aguenta viver se moldando o tempo inteiro.

Quando falamos em afinidade, estamos falando da possibilidade de descansar nas relações. Descansar do esforço de performar, de agradar, de provar algo. Estar com quem a gente se conecta é quase terapêutico. Existe apoio, escuta e até silêncio confortável. Não precisamos explicar tudo. Não há medo de julgamento o tempo todo. Há espaço para rir, errar, refletir, mudar de ideia. Há troca real.

E esse tipo de conexão não é egoísmo. É necessidade. Porque viver cercado de relações que exigem constante vigilância emocional nos adoece. E aí, quando encontramos um lugar onde nos sentimos em paz, é natural querer ficar ali. Isso não é excluir ninguém. É escolher se cuidar.

Nem tudo é para todo mundo e isso é libertador

A ideia de que todo mundo precisa caber em todos os espaços é, na verdade, uma armadilha. Ninguém é aceito em todos os contextos. Ninguém se sente plenamente à vontade em todos os grupos. E isso não quer dizer que alguém está errado apenas que há diferenças. E tudo bem. Quanto antes entendermos isso, mais fácil fica encontrar relações que fazem sentido, em vez de insistir nas que drenam nossa energia.

As pessoas que nos fazem bem geralmente têm valores parecidos, modos de ver o mundo que dialogam com os nossos. E não é por acaso. Existe uma sintonia que não se explica só pela convivência, mas pela vibração que acontece quando duas ou mais pessoas se encontram de verdade. São pessoas com quem as conversas fluem, os silêncios acolhem e os olhares dizem mais do que palavras.

E isso não precisa excluir ninguém. É apenas a vida sendo vida: relações que aproximam e outras que afastam. Laços que se formam e outros que se desfazem. O importante é entender que a afinidade não é uma bolha egoísta. Ela é uma bússola interna que aponta para onde nos sentimos inteiros. E seguir isso não é isolamento é consciência.

Afinidade como autocuidado

Quando nos permitimos valorizar os vínculos que realmente fazem sentido, estamos cuidando da nossa saúde mental. Estamos dizendo para nós mesmos que merecemos relações que tragam paz, não tensão. Que merecemos ser vistos de verdade, não apenas tolerados. E isso começa quando paramos de nos julgar por preferir estar com quem nos faz bem.

Afinidade não deve ser confundida com arrogância, nem com intolerância. Não é sobre excluir o outro. É sobre se incluir. É sobre olhar para dentro, reconhecer as próprias necessidades emocionais e buscar relações que estejam alinhadas com elas. E, ao mesmo tempo, deixar que o outro também faça o mesmo. Porque quando duas pessoas se escolhem com consciência, o vínculo que se forma é mais sólido, mais humano e mais respeitoso.

Escolher com quem estar não é excluir. É selecionar com cuidado onde colocar a própria energia, o próprio tempo, o próprio coração. E isso é mais do que saudável é fundamental.

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