Como superar o medo de ser abandonado

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Viver com menos ansiedade e mais presença começa quando paramos de fugir do que sentimos e aprendemos a lidar com o medo do abandono.

Como superar o medo de ser abandonado

É quase impossível falar de vínculos afetivos sem tocar, em algum momento, no medo de ser deixado. Esse medo atravessa relações com amigos, parceiros, familiares e até com pessoas que ainda nem conhecemos profundamente. Ele não escolhe idade, nem situação. Às vezes aparece de forma sutil, como uma ansiedade ao esperar uma resposta de mensagem. Outras vezes vem com força, como uma sensação de angústia que nos faz agir de forma impulsiva. No episódio, refletimos sobre como esse medo pode ser silencioso, mas impacta profundamente nossa forma de amar, confiar e estar presente.

Superar o medo de abandono não é apagar esse sentimento, mas entender o que ele quer nos dizer. Muitas vezes, o medo de ser deixado está ligado a histórias que vivemos no passado: vínculos instáveis, ausências não nomeadas, momentos em que nos sentimos sozinhos quando mais precisávamos de alguém. Esses traumas emocionais nem sempre são visíveis. Eles se instalam devagar, criando a ideia de que estar com alguém é sempre correr o risco de perder. E esse risco, mesmo que não real, nos faz agir como se o abandono fosse inevitável.

Reconhecer o medo é o primeiro passo

Não há como superar o que não é reconhecido. Por isso, o primeiro passo é perceber como esse medo se manifesta no dia a dia. No episódio, falamos sobre situações comuns: a dificuldade de confiar quando tudo parece estar bem, o impulso de testar o outro para ver se ele se importa, a constante necessidade de ser reafirmado emocionalmente. Tudo isso pode ser sinal de que o medo está operando por trás. E quanto mais ignoramos esses sinais, mais eles crescem.

Reconhecer o medo de ser abandonado exige escuta. Não escuta do outro, mas de si. Às vezes, a origem desse medo está em experiências que ainda doem, mesmo que façam parte de um passado distante. E se essas dores não forem acolhidas, continuamos a reagir a elas como se fossem atuais. Começamos a antecipar rejeições, a nos moldar para evitar conflitos, a aceitar menos do que merecemos para não ficarmos sozinhos. E nesse processo, acabamos nos deixando de lado, acreditando que o mais importante é não perder o outro.

Essa percepção abre espaço para a mudança. Quando entendemos que o medo não está no presente, mas nas marcas do passado, conseguimos separar o que é real do que é projeção. Conseguimos respirar antes de reagir. E, aos poucos, vamos aprendendo que nem todo afastamento é abandono, nem todo silêncio é rejeição, nem todo erro leva à perda. Esse tipo de reinterpretação emocional exige prática, mas é essencial para criar vínculos mais saudáveis.

Construir vínculos com mais consciência

Outro passo importante no processo de superar o medo de abandono é aprender a se relacionar de forma mais consciente. Isso significa sair do automático. Se antes reagíamos com desespero a qualquer sinal de afastamento, agora podemos escolher observar, conversar, entender. A relação deixa de ser um campo de testes e se torna um espaço de troca. E para isso acontecer, é preciso construir vínculos onde haja espaço para o medo, não para que ele nos controle, mas para que ele possa ser cuidado.

Durante a conversa, ficou claro que ninguém precisa estar completamente curado para viver uma boa relação. O que muda é a forma como lidamos com nossas dores. Quando conseguimos compartilhar o que sentimos sem transformar o outro em responsável pela nossa segurança, criamos um ambiente mais leve. A confiança deixa de ser uma obrigação e se torna um gesto possível. Isso não significa nunca sentir medo, mas saber o que fazer com ele quando ele aparecer.

Criar relações conscientes também passa por escolher com quem nos conectamos. Nem todo vínculo nos ajuda a curar o medo. Algumas relações reforçam o abandono, alimentam inseguranças e mantêm viva a sensação de que não somos suficientes. Por isso, parte do processo de superação envolve aprender a escolher pessoas que estejam disponíveis emocionalmente, que saibam escutar, que não invalidem nossas emoções. Relações assim não são perfeitas, mas oferecem um solo mais fértil para a construção de segurança.

A reconexão com si mesmo como prática contínua

Por fim, superar o medo de ser abandonado só é possível quando deixamos de nos abandonar. Essa talvez seja a parte mais difícil, porque exige um retorno constante à própria presença. Significa reconhecer quando estamos ultrapassando os próprios limites, quando estamos nos calando por medo, quando estamos colocando o bem-estar do outro sempre na frente do nosso. E, a partir disso, fazer escolhas mais cuidadosas com a própria história.

Estar presente para si é um exercício de responsabilidade afetiva. É aprender a escutar as próprias emoções sem julgamento, a validar o que se sente sem depender do olhar do outro, a construir uma base interna que não desmorona toda vez que alguém se afasta. Essa base não nasce pronta. Ela é construída aos poucos, nas pequenas decisões diárias, nos gestos de autocuidado, nas conversas honestas que temos conosco. E é isso que nos dá força para viver relações com mais liberdade.

Superar o medo de ser abandonado é possível, sim. Mas o caminho começa dentro. Quando reconhecemos que o que mais precisamos não é garantir que o outro fique, mas garantir que nós fiquemos conosco.

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