Ouvir o episódio do podcast nas plataformas:
A importância de parar de se moldar para ser aceito
A gente aprende cedo que precisa se ajustar para ser aceito. Seja na escola, no trabalho, nas amizades ou nos relacionamentos afetivos, existe uma pressão silenciosa para caber. Para falar do jeito certo, pensar como o grupo, seguir os mesmos códigos. Aos poucos, vamos podando partes nossas, suavizando traços, escondendo o que não se encaixa. Mas chega uma hora em que o esforço cansa. A máscara pesa. E tudo o que queremos é poder existir sem filtro. Conexão genuína só acontece quando a gente para de tentar agradar e começa a se mostrar de verdade.
A autenticidade é um dos pilares das relações saudáveis. E não tem nada a ver com perfeição. Pelo contrário: é sobre ter coragem de ser inteiro, inclusive com as próprias imperfeições. É poder dizer o que pensa sem medo de ser rejeitado. É mostrar fragilidade sem vergonha. É não se sentir obrigado a estar sempre bem para ser aceito. Quando somos autênticos, nos aproximamos de pessoas que reconhecem quem somos e nos afastamos, naturalmente, das que só estavam ali por conveniência.
Essa filtragem é natural, e faz bem. Porque quando nos conectamos a partir de uma versão editada de nós mesmos, o vínculo que surge não é com a gente de verdade, e sim com um personagem que criamos para ser aceito. E manter esse personagem vivo cansa, adoece, afasta. Já a autenticidade, por mais desafiadora que pareça no começo, liberta. Ela atrai quem tem sintonia com a nossa essência, e não com a nossa performance.
O medo de ser autêntico e o risco de não ser
Muitas pessoas evitam ser autênticas por medo da rejeição. E esse medo é real afinal, ao nos mostrarmos de forma verdadeira, corremos o risco de não agradar. Mas agradar não pode ser o objetivo de uma relação. A troca genuína só acontece quando existe espaço para a verdade. E se a autenticidade assusta alguém, talvez essa pessoa nunca tenha sido realmente compatível conosco.
Mais perigoso do que ser rejeitado por ser autêntico é ser aceito por algo que não somos. Porque isso nos aprisiona em um papel que não representa a nossa verdade. E, com o tempo, gera frustração, esvaziamento e até tristeza. Quanto mais tempo passamos fingindo ser o que não somos, mais difícil fica resgatar quem realmente somos.
A autenticidade exige coragem. Mas é justamente essa coragem que abre portas para relações mais leves, mais profundas e mais verdadeiras. Quando não precisamos representar, sobra energia para estar presente. E estar presente de verdade é o que fortalece qualquer vínculo.
Como a autenticidade atrai relações saudáveis
Ser autêntico não é sair dizendo tudo que vem à cabeça sem filtro ou empatia. É, antes de tudo, um compromisso com a própria verdade. É saber o que se sente, o que se quer, o que se aceita e o que não cabe mais. E, principalmente, é ter disposição para sustentar essa postura com respeito, clareza e maturidade.
Relações que nascem da autenticidade têm mais chance de durar, porque começam com base sólida. Quando o outro conhece nossa verdade desde o início, não há decepção futura por expectativa criada. Não há surpresas desagradáveis porque tudo já foi colocado à mesa. Isso não elimina conflitos mas torna a convivência mais honesta e menos frustrante.
Além disso, a autenticidade funciona como um filtro natural. Pessoas que não se conectam com quem você realmente é tendem a se afastar. E isso é positivo. Em vez de perder tempo em vínculos artificiais, você abre espaço para relações que de fato têm a ver com sua essência. Com o tempo, você percebe que não precisa de multidão precisa de verdade.
Ser você mesmo não é egoísmo, é autocuidado
Existe um discurso comum que tenta fazer com que quem escolhe ser autêntico pareça egoísta. Como se dizer “isso não me faz bem” ou “não concordo com isso” fosse um sinal de arrogância. Mas, na verdade, é só um exercício de autocuidado. Quando você se posiciona de forma verdadeira, está cuidando da sua saúde emocional. Está evitando se perder em relações que te exigem demais e devolvem de menos.
Ser você mesmo é o maior presente que você pode dar a si. E, como consequência, é também um presente para quem se relaciona com você. Porque ninguém merece conviver com versões adaptadas. A convivência só floresce quando há verdade. E, para isso, é preciso começar dentro da gente.