Descubra por que reprimir emoções nos afasta da alegria e do amor pleno.
Você já tentou esconder uma emoção? Engoliu o choro, fingiu que estava tudo bem, ou colocou um sorriso no rosto enquanto algo doía por dentro? Para muitos de nós, suprimir os sentimentos parece uma estratégia de sobrevivência. Mas, com o tempo, esse mecanismo pode nos roubar algo essencial: a capacidade de viver por inteiro.
Neste artigo, vamos entender como suprimir sentimentos impacta nossa saúde emocional e o que podemos fazer para recuperar o direito de sentir.
Por Que Aprendemos a Suprimir Sentimentos?
A maioria de nós não aprendeu, desde criança, a lidar com as emoções de forma saudável. Muitas vezes, ouvimos frases como:
- “Engole o choro.”
- “Não é para sentir raiva.”
- “Você não pode demonstrar fraqueza.”
Essas mensagens nos ensinam que algumas emoções são “erradas” ou “inaceitáveis”. Com isso, começamos a criar caixinhas invisíveis onde tentamos guardar a raiva, a tristeza, o medo, a frustração. Mas, como diz Cíntia Cruz, psicóloga e coapresentadora do podcast Corajosamente, “a gente acha que vai guardar só as emoções ruins, mas quando suprime, suprime tudo.”
Ou seja: não existe anestesia seletiva para emoções. Quando tentamos abafar a dor, acabamos abafando também a alegria, o prazer, o amor.
As Consequências de Suprimir Emoções
Suprimir sentimentos não os faz desaparecer. Pelo contrário: eles continuam agindo dentro de nós, muitas vezes se manifestando de outras formas:
- Ansiedade crônica
- Irritabilidade sem motivo aparente
- Dificuldade em criar vínculos profundos
- Sensação de vazio ou apatia
- Problemas psicossomáticos (dores no corpo, insônia, tensão muscular)
Quando não damos espaço para sentir, vivemos como se estivéssemos anestesiados. Tudo parece “pela metade”. Como descreveu Bruno De Mauro no podcast, é como “comer um queijo delicioso e não sentir o sabor.” Estamos ali, vivendo, mas sem prazer, sem entrega, sem emoção.
A Supressão Como Mecanismo de Defesa
É importante lembrar que suprimir sentimentos, em alguns momentos, foi uma forma de sobreviver. Muitas pessoas, especialmente durante a infância ou em relacionamentos abusivos, precisaram aprender a não sentir para aguentar situações difíceis.
Mas o que foi necessário no passado não precisa mais ser a única estratégia no presente. Continuar anestesiado impede que a gente construa novas experiências emocionais saudáveis.
Como explica Cíntia, “as barreiras que protegiam antes agora te impedem de viver.”
Como Recuperar a Capacidade de Sentir?
Romper com o ciclo da supressão emocional exige coragem, autoconhecimento e prática. Não é fácil. Afinal, sentir emoções significa também enfrentar dores que ficaram guardadas por muito tempo.
Algumas ações que podem ajudar nesse processo:
Terapia: um espaço seguro para acessar emoções reprimidas e aprender a lidar com elas.
Nomear os sentimentos: quando sentir algo, tente dar um nome (“estou com raiva”, “estou triste”). Isso ajuda a criar consciência emocional.
Permitir-se sentir aos poucos: sentir não significa perder o controle. Você pode começar devagar, escolhendo situações e pessoas seguras para se abrir.
Expressar através do corpo: dança, arte, escrita, atividades criativas são formas de liberar emoções reprimidas.
Sentir É Viver
Muitas pessoas têm medo de sentir porque associam isso à dor. Mas a verdade é que a dor faz parte da vida, assim como a alegria, o amor, o prazer. Não existe luz sem sombra.
Quando aprendemos a sentir, não só superamos as dores, mas também recuperamos a capacidade de experimentar o prazer nas pequenas coisas. Como aquele queijo delicioso que Bruno citou: sentir o sabor por inteiro, viver o momento por inteiro, amar por inteiro.
Sentir é um ato de coragem. E, no fim, é o que nos conecta com nós mesmos e com os outros.