O medo de desagradar e a dificuldade de dizer não

Entenda como o medo de decepcionar os outros dificulta dizer não e afeta sua autonomia, seus limites e sua saúde emocional.

Por que temos tanto medo de desagradar?

No episódio, falamos sobre o quanto o medo de desagradar está presente nas nossas vidas, muitas vezes sem a gente perceber. Esse medo vai se enraizando desde cedo, quando aprendemos que negar pode magoar, decepcionar ou afastar as pessoas. E aí, mesmo quando tudo dentro da gente grita um não, a boca solta um sim – só para evitar o desconforto, o conflito, o olhar de reprovação.

Esse medo nos acompanha nas relações familiares, amorosas, profissionais. A necessidade de agradar faz com que a gente coloque as vontades dos outros acima das nossas. E, sem querer, vamos dizendo sim para o que não queremos, aceitando o que nos pesa, engolindo o que machuca, tudo para manter uma imagem de “pessoa boa”, “amável”, “disponível”.

O peso de dizer sim quando queremos dizer não

Durante a conversa, refletimos sobre o custo emocional de sempre agradar. Cada sim forçado, cada limite ultrapassado, cada vez que colocamos o outro no centro das decisões nos afasta de nós mesmos. Com o tempo, isso gera cansaço, ressentimento, desânimo.

E o mais difícil é que muitas vezes nem sabemos de onde vem esse peso. A gente só sente que está sobrecarregado, irritado, sem energia. Mas lá no fundo, tem um acúmulo de “nãos” não ditos. Um acúmulo de limites que deixamos passarem. Um acúmulo de silêncios que deveriam ter sido palavras.

A culpa de dizer não

Outro ponto importante que discutimos foi a culpa. Não basta ter medo de desagradar, quando conseguimos dizer não, vem junto uma culpa enorme. Uma sensação de que estamos sendo egoístas, frios, ingratos. Essa culpa não nasce do nada. Ela vem de uma cultura que valoriza quem se doa sem medida, que exalta o sacrifício, que ensina que amar é se anular.

Mas será mesmo que dizer não é egoísmo? Ou será que é uma forma de amor próprio? Será que negar o outro significa rejeitá-lo, ou significa simplesmente escolher a si mesmo em primeiro lugar?

O impacto desse medo nos nossos limites

Falamos também sobre como o medo de desagradar afeta nossa capacidade de estabelecer limites. Quando temos medo da reação do outro, acabamos dizendo sim para evitar brigas, para evitar cara feia, para evitar o desconforto. Mas esse sim, dado com medo, não sustenta uma relação saudável. Ele cria um desequilíbrio, em que um lado sempre cede, enquanto o outro ocupa o espaço todo.

E com o tempo, a dificuldade de negar nos faz perder o senso do que realmente queremos. Ficamos tão preocupados em atender às expectativas que esquecemos das nossas próprias vontades, dos nossos desejos, dos nossos sonhos.

Dizer não é também cuidar da relação

Uma das coisas mais bonitas que falamos no episódio é que o não não destrói relações, ele as fortalece. Dizer não com respeito, com clareza, com honestidade, é um jeito de construir vínculos mais verdadeiros. Quem nos ama de verdade vai entender os nossos limites. Quem nos respeita vai aceitar os nossos nãos.

Dizer não é também um ato de cuidado com o outro, porque evita promessas que não podemos cumprir, evita ressentimentos futuros, evita desgastes desnecessários. E, principalmente, é um ato de cuidado com a gente mesmo, porque nos coloca no centro da nossa própria vida.

Praticando o não sem culpa

A boa notícia é que podemos aprender a dizer não sem tanta culpa. Podemos começar aos poucos, praticando em situações menores, treinando novas respostas, ensaiando novos limites. Cada não que dizemos com consciência fortalece nossa autonomia, nossa autoestima, nossa liberdade.

E, aos poucos, o medo de desagradar vai perdendo força. Porque entendemos que não podemos controlar a reação do outro, mas podemos escolher ser fiéis a nós mesmos.

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