Vergonha de Brincar? Como Superar Travões Psicológicos na Vida Adulta

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Descubra por que tanta gente perde o brincar e como reconquistar essa leveza

Muitos adultos carregam uma trava invisível: a vergonha de brincar. O simples ato de rir alto, fazer uma piada boba ou inventar uma brincadeira no meio da rotina parece fora de lugar. Crescemos a ouvir que brincar é coisa de criança, sinal de falta de maturidade. E essa crença cola na pele de tal forma que, quando surge uma brecha para ser leve, a autocensura chega primeiro.

O primeiro obstáculo psicológico para brincar é justamente o olhar do outro ou, pior, o olhar que imaginamos que o outro tem. Muitas vezes, ninguém está a julgar. Mas dentro da cabeça ecoa aquela voz que repete: “Vão achar que sou imaturo”, “Não posso fazer isso, sou adulto sério”, “Já não tenho idade para essas coisas”. A verdade é que ninguém está tão atento assim. E, ainda que estivesse, o custo de perder a leveza é muito maior do que a vergonha de um riso fora de hora.

Outro travão é a ideia de produtividade a tempo inteiro. O adulto moderno foi treinado para acreditar que cada minuto precisa render algo visível. Se não há resultado, lucro, métrica, então é desperdício. Nesse contexto, brincar parece inútil. Mas, na prática, é justamente essa inutilidade que faz do brincar um ato de autocuidado. É um respiro que o cérebro precisa para organizar ideias, processar emoções e reabastecer a criatividade. Não é fuga é manutenção.

De Onde Vêm Essas Travões?

Muitas histórias são fáceis de reconhecer: pais ou professores que cortavam o brincar cedo demais, ambientes que exigiam seriedade até para resolver problemas simples. Essas vozes ficam dentro da cabeça, como um juiz que censura qualquer tentativa de improviso. É importante nomear essas heranças. Entender de onde veio o medo de parecer ridículo ajuda a questionar se ainda faz sentido carregar isso hoje.

Muitos adultos sentem culpa por querer se divertir. Parece que há sempre algo mais sério para fazer. Mas esse “mais sério” nunca acaba. Sempre haverá contas, tarefas, prazos. Esperar que tudo esteja pronto para brincar é receita certa para não brincar nunca. O brincar, na vida adulta, não é um prêmio depois do trabalho é uma forma de garantir que o trabalho não engula quem o faz.

Desbloquear o Brincar: Pequenas Coragens

Superar esses obstáculos não é sobre virar outra pessoa de um dia para o outro. É um treino. Começa pequeno: permitir-se uma piada fora de hora, dançar sem medo de estar a ser observado, inventar uma história absurda durante uma tarefa mundana. São micro atos de coragem que, somados, derrubam o muro da vergonha.

Outra estratégia é praticar com pessoas de confiança. Família, amigos próximos, alguém que não vai julgar. O brincar é mais fácil quando se sabe que não há risco de crítica. E, com o tempo, essa leveza expande-se para outros contextos: trabalho, relações formais, encontros inesperados.

Vergonha de Brincar é Vergonha de Viver?

No fundo, quem morre de medo de brincar carrega, muitas vezes, um medo maior: o de se mostrar. Brincar expõe partes vulneráveis. Mostra o improviso, o erro, o ridículo. Mas é aí que mora a conexão humana. São essas falhas que aproximam as pessoas. Quem nunca riu de uma situação absurda? Quem nunca soltou uma piada sem graça e foi salvo pelo riso do outro?

Quando o brincar morre, sobra só o peso. E ninguém aguenta isso por muito tempo sem adoecer emocionalmente, fisicamente. Por isso, desbloquear o brincar é, também, um gesto de autocuidado profundo. É lembrar que, no meio das exigências da vida adulta, ainda existe espaço para ser bobo, para inventar, para não servir a nada além do prazer de existir.

Começar pode parecer estranho. Mas tudo bem. É estranho mesmo no início. Depois, o corpo lembra, a mente agradece e a vergonha diminui. E, aos poucos, o adulto descobre que brincar não é sinal de fraqueza. É sinal de coragem.

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