A Importância de Saber Ouvir e Conversas Que Nutrem

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Como a escuta ativa transforma relações e cria vínculos verdadeiros

Todos os dias, sem perceber, a gente vive rodeado de vozes, barulho e opinião para todo lado. Mas, no meio de tanto som, é curioso perceber como falta quem realmente saiba escutar. Escutar de verdade, não só ficar em silêncio enquanto pensa no que vai responder. É uma diferença tão sutil que, muitas vezes, nem quem fala, nem quem escuta, percebe a falta que isso faz até o silêncio pesar. A escuta ativa, conceito tão valorizado na psicologia, é um exercício simples no papel, mas profundo na prática. E talvez seja por isso que tanta relação boa se constrói em torno de uma pergunta bem feita, de uma pausa respeitada e de um silêncio que acolhe.

Saber ouvir é muito mais do que calar a boca enquanto o outro fala. É mais do que dar aqueles “aham” de quem está com o pensamento longe. Ouvir de verdade é prestar atenção, estar presente inteiro, desligar o mundo lá fora e entrar, mesmo que por alguns minutos, na história de quem está confiando um pedaço da própria vida. É nesse gesto que se cria intimidade. E não é só em amizade, não: é em família, no amor, no trabalho, em qualquer grupo onde duas ou mais pessoas se reúnem com vontade de serem vistas.

O silêncio que cuida

Tem gente que fala pouco, mas escuta muito. E, curiosamente, essas são as pessoas que mais têm amigos. Quem escuta, sem ficar julgando, sem precisar encaixar uma história própria o tempo todo, vira ponto de apoio, vira colo, vira lugar seguro. Quantas vezes, no meio de uma conversa, a gente se pega pensando: “não quero conselho, só quero que me ouçam”? A maioria das pessoas não quer solução para tudo. Quer ter certeza de que não está sozinha naquela dor, naquela dúvida, naquele medo. E, para isso, o silêncio atento vale mais do que mil palavras soltas.

Muita gente acha que para ser bom de conversa é preciso ter sempre algo interessante para dizer. Quando, na verdade, quem sabe ouvir bem já carrega metade do poder de uma boa troca. Perguntar sem invadir. Parar de interromper no meio de uma frase. Guardar o celular. Perceber quando o outro baixa o tom de voz ou suspira mais fundo. Tudo isso é ouvir também. E quem ouve dessa forma cria pontes invisíveis: deixa o outro confortável para abrir mais, confiar mais, soltar o que estava preso na garganta há semanas.

Quem faz pergunta de verdade, ouve mais do que respostas

Um dos sinais de uma escuta genuína é a qualidade das perguntas. Perguntar não é preencher silêncio nem mostrar interesse forçado. É demonstrar curiosidade real. É querer entender o que está por trás daquela história, daquele gesto, daquela dor. Às vezes, uma pergunta simples, feita na hora certa, pode mudar o rumo de uma amizade, de uma relação inteira. Pode trazer à tona verdades guardadas há anos, porque alguém ali, enfim, quis saber.

Quantas vezes, numa roda de amigos, a gente não percebe quem realmente pergunta de verdade? E não é aquela pergunta que vem para alimentar um comentário próprio. É uma pergunta que fica ali, aberta, esperando uma resposta que talvez não venha pronta, mas que faz o outro se ouvir enquanto fala. É bonito quando isso acontece, porque mostra que a conversa não é só vaidade: é encontro.

O medo de ficar em silêncio

Escutar é também segurar a ansiedade do silêncio. Muita gente se incomoda tanto com uma pausa que preenche com qualquer coisa, desde uma opinião rápida até uma piada fora de hora. O silêncio, no entanto, é o intervalo onde muita coisa se organiza dentro de quem fala. É ali, na pausa, que se forma a coragem para dizer o que realmente importa. E quem escuta precisa segurar essa ansiedade, sem correr para encher o vazio.

Num mundo que faz barulho o tempo todo, o silêncio virou quase um desconforto. Mas, na psicologia, aprendemos que é nele que mora muita coisa que ainda não tem nome. Quando alguém confia uma história difícil, um luto, uma decepção, uma culpa, precisa de espaço para digerir aquilo enquanto fala. Precisa sentir que pode respirar, parar, retomar sem medo de ser cortado. É aí que mora a escuta que nutre.

Pequenos gestos, grandes mudanças

Talvez o mais bonito da escuta ativa seja perceber como pequenos detalhes fazem diferença. Um olhar atento, um sorriso que mostra “estou aqui”, um gesto de cabeça, uma pergunta curta. Nada disso custa esforço imenso, mas transforma completamente o clima de uma conversa. Quem pratica sabe que, com o tempo, vira natural. E quem recebe nunca esquece.

É por isso que, muitas vezes, quem sabe ouvir bem é lembrado como aquela pessoa que faz bem estar por perto. É a pessoa que não apressa quem fala, que não atropela, que não muda de assunto para não enfrentar um tema mais pesado. É quem segura o desconforto junto. É quem entende que nem sempre é preciso resposta. Às vezes, ouvir é tudo o que se espera e é mais do que suficiente.

Num tempo em que todo mundo grita para ser visto, quem escuta vira refúgio. Vira porto seguro. Vira ponto de respiro. É essa a força da escuta ativa: mostrar, na prática, que ninguém precisa disputar espaço para existir. Porque quem escuta de verdade não só empresta o ouvido, mas também oferece abrigo. E quem encontra esse lugar quase sempre volta.

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